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Análise do Passion World Tour 2010

Estou há alguns dias digerindo e refletindo tudo o que ocorreu no evento descrito no título do post.
Trata-se de uma megaprodução, de qualidade indiscutível. O local, a qualidade dos equipamentos utilizados, o som, os efeitos visuais, tudo isso foi impecável.
O leitor deve estar se perguntando: e a Palavra e as letras dos louvores, como foram?
Bem, sei que vou ser visto como chato, presunçoso, pedante, mas não posso de deixar de dizer a verdade: a Palavra deixou muito a desejar e os louvores, com raras exceções, tinham algum erro na compreensão das Escrituras.
Sei, que neste exato momento você está pensando: quem é esse cara para falar isso? Como ele é pretensioso! Que sujeito mais arrogante!
Compreendo esses sentimentos que afloram no leitor enquanto está lendo este post. Mas não posso me eximir de falar a verdade com base na Bíblia.
Comecemos pelos louvores. No geral as letras eram interessantes, mas foi visível o afloramento do sentimentalismo exarcebado.
Você há de se perguntar: qual o problema disso? O problema reside que ao vislumbrarmos Jesus apenas como amigo, amado, etc, deixamos de lado, para não dizer que nos esquecemos, de quem Jesus é: Deus Filho.
Quando nos esquecemos disso, começamos a negligenciar o temor diante D'Ele. Sim, o santo temor que nos conduz à santidade (C.H. Spurgeon) é esquecida. Não nos esqueçamos de Pv 9:10; lembremos de Ap 1:10-18 quando o apóstolo João se prostra com temor e reverência (v.17).
Há problema no uso dos sentimentos no louvor? Certamente que não, mas o grande cerne da questão reside na inutilização do intelecto no louvor. Não podemos nos esquecer que os sentimentos são voláteis e provém do coração que é enganoso (Pv 18:2, Jr 17:9).
Quanto à Palavra pregada, compreendo que a mensagem era de cunho evangelístico, portanto, a linguagem utilizada foi a correta, mais voltada para os adolescentes e jovens universitários.
Somente um porém: Cristo deve sim ser reconhecido como a redenção e salvação do mundo.
Mas a palavra utilizada, famoso (fazer o nome de Jesus famoso, para ser mais exato), foi errônea.
Vejamos o porquê disso: Famoso, deriva da palavra fama, que segundo o dicionário Michaelis, significa "celebridade, renome, qualidade daquilo que é notório, glória, reputação".
Cristo merece toda a glória, todo o reconhecimento e boa reputação pela obra da salvação.
Mas o uso da palavra fama nos remete imediatamente às celebridades humanas, tais como músicos, atores e atrizes, pintores, escritores, etc, que são por sua vez, sujeitos a erros. Não bastasse isso, essas pessoas necessitam desse reconhecimento para poderem auferir ganhos, seja por contratos publicitários; venda de ingressos de filmes ou peças teatrais, livros, cds, arquivos mp3, direitos autorais, etc. Esses profissionais normalmente são inacessíveis, devido à comoção pública que provocam, estando sempre rodeados de seguranças.
Cristo, por sua vez, fugiu de tudo isso. Ele sabia que toda a "fama" do mundo era passageira, tanto que negou-a quando Satanás lhe ofereceu a glória do mundo (Mt 4: 8-10). Logo após a multiplicação dos pães e peixes, mostrando que Ele era acessível, retirou-se da multidão para orar, fugindo da aclamação pública (Mc 6:35-46).
Não há sombras de dúvidas de que Cristo tem que ser sim adorado pelo que Ele é e sempre será: Santo, Cordeiro imaculado, Rei dos reis.
Somente Ele tem que ser reconhecido e exaltado (Sl 148:13, Ap 19:16), o resto é idolatria!
Fica, portanto, clara a infelicidade no uso da palavra "famoso", que poderia ter sido substituída pela palavra "reconhecimento" (que também foi utilizada, mas com ênfase muito menor).
Após toda essa explanação, podemos observar que o evento em si foi bastante interessante, mas poderia haver um cuidado maior nas palavras utilizadas nos louvores e na pregação.
Devo salientar que isso não é culpa ou má-fé dos organizadores, mas apenas o reflexo do cristianismo que hoje vivemos no mundo, na qual impera o desconhecimento da Palavra de Deus, a falta de uma vida santa e de compromisso com Deus.
Soli Deo Gloria e Sola Scriptura!

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