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Salvação, Senhorio de Cristo e Obediência

O anunciado “debate senhorio-salvação”, a visão amplamente sustentada de que Jesus pode ser o Salvador de uma pessoa sem ser o seu Senhor, está finalmente recebendo a crítica que merece. Contudo, há perigos em ambos os lados deste debate.

Por um lado, há aqueles que afirmam que uma pessoa pode se virar para Cristo em fé sem nunca se submeter ao Seu senhorio. Somos salvos, eles dizem, fazendo de Cristo Salvador, não O fazendo Senhor. O outro lado reage dizendo que isso é “fé do diabo” — isto é, o tipo de “fé” da qual Tiago falou quando perguntou retoricamente, “Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo?” (Tiago 2:14). A fé salvadora inclui não apenas a dependência em Cristo para a libertação do julgamento, mas compromisso com Cristo e submissão ao Seu senhorio.

No caso daqueles que negam a necessidade de “fazer de Cristo, Senhor”, deveríamos responder, em primeiro lugar, concordando que não somos salvos “fazendo de Cristo, Senhor”. Mas também não somos salvos “fazendo de Cristo, Salvador”. Não fazemos nada de Cristo! Ele é Salvador e Ele é Senhor sem levar em consideração o que pensamos ou fazemos dEle. Na verdade, é porque Ele é Salvador completamente à parte de nossa atividade que somos salvos em primeiro lugar. Ele veio a nós “estávamos mortos” (Efésios 2:5). Ele nos regenera, nos dá o dom da fé e, então, nos justifica através da fé em Cristo. A escola de pensamento “fazer dEle seu salvador” adere ao que tem sido chamado “regeneração que provém de decisão”. Para muitos, é esta “pequena” obra que fazemos que se torna merecedora da vida eterna.

Uma segunda falha no ensino “Salvador, mas não Senhor” é o recorrente erro wesleyano de tornar justificação e santificação dons que são separadamente obtidos através de atos separados de fé. De acordo com as Escrituras, há um ato de fé que nos une a Cristo e, uma vez unidos a Ele através deste ato de fé, tanto a justificação (a declaração de justiça de uma vez por todas) quando a santificação (um processo gradual, lento e doloroso de crescimento na justiça) se tornam nossos em Cristo. Somos justificados de uma vez, mas só somos santificados em um processo gradual. Contudo, tanto a declaração quanto o processo são dados apenas através da mesma condição de fé em Cristo somente (Romanos 8:30; 1 Coríntios 1:30; Efésios 2:8-10).

Por isso, neste campo deveríamos insistir na união com Cristo como a obra soberana de Deus em não apenas tornar possível uma nova vida, mas criá-la onde nenhuma causa existia além da Sua própria vontade e esforço.

É aceito pela razão que se nós “fazemos de Cristo, Salvador”, podemos também determinar se permitiremos que Ele seja nosso Senhor. Mas a Bíblia não fala sobre permitir que Ele seja ou faça isso ou aquilo. “Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade” (Filipenses 2:13). Conseqüentemente, é inevitável que a árvore boa produza bons frutos. Aqueles a quem Deus regenera tornam-se árvores vivas. “Não fostes vós que me escolhestes a mim”; disse Jesus, “pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça” (João 15:16). Quando a salvação é vista como programa de homem, é deixado para o homem escolher se deixará Deus fazer isso ou aquilo, mas quando é vista como programa de Deus, há uma confiança e uma certeza que ninguém a quem Deus regenera será chamado de “cristão carnal”. Lutero disse, “Se as obras e o amor não florescerem, não é fé genuína, o evangelho ainda não ganhou posição segura, e Cristo não é ainda corretamente conhecido”. Novamente, se temos Cristo, temos Sua santidade imputada (justificação) como também Sua santidade transmitida (santificação). Sem o sentido de uma, não pode haver sentido da outra.

Ao mesmo tempo, no entanto, há um perigo igual quando reagimos contra esta falsa mensagem: enfatizar a inevitabilidade do fruto a ponto de subestimar a realidade da pecaminosidade em andamento. Novamente, é “simultaneamente pecador e justificado”. Calvino nos preveniu a esse respeito. Existe a igreja visível, constituída de todos os cristãos professos de todos os tempos e lugares e, então, existe a igreja invisível, constituída de todos os verdadeiros crentes. Para pertencer à primeira, uma pessoa precisa confessar a Cristo, ser batizada, e receber a Santa Comunhão. E aceitamos todos em nossa congregação que pertencem à igreja dessa forma, quer pareçam ou não possuir o zelo ou grau de compromisso que esperaríamos. Visto que definitivamente não podemos saber o número de crentes genuínos (igreja invisível), não devemos nos tornar “polícia dos frutos”. Nas próprias palavras de Calvino, “Saber quem são seus é uma prerrogativa que pertence unicamente a Deus (2 Timóteo 2:19)...Porque aqueles que parecem totalmente perdidos e acima da esperança são, pela Sua bondade, chamados de volta ao caminho; enquanto aqueles que, mais do que os outros, parecem estar firmes, freqüentemente caem”.

Há ainda outra falha mais crítica, como a vejo, com algumas versões do “senhorio salvação”. Isto é, a tendência de alargar a definição de fé ao ponto onde realmente se torna uma obra. Por exemplo, os Reformadores definiram fé como conhecimento (compreensão dos fatos do evangelho), aceitação (ser convencido de que eles são verdadeiros), e confiança (confiar a salvação da alma a Cristo com base no conhecimento e aceitação). Apesar disso, um proponente dominante do “senhorio salvação” escreveu “a fé circunda a obediência” e que a confiança (terceiro aspecto da fé) “é a determinação da vontade para obedecer à vontade”. Pode bem ser um caso de semântica aqui, mas quando estamos falando do maior e mais santo assunto de todos das Escrituras, cada palavra é importante. A fé não circunda a obediência. Este é o ponto do apóstolo Paulo em Romanos 4, e, quanto à questão, por todos os seus escritos: Somos justificados pela graça através da fé — não através da obediência. Assim, quando fazemos da obediência um aspecto da fé, maculamos a fé e as obras, a justificação e a santificação. Uma vez justificados, a fé e as obras não são divergentes — a primeira produz as últimas. Porém, a fé é sempre divergente do mérito. O fruto que observamos ou deixamos de observar nunca pode ser usado como uma vara de medida; neste caso, a fé produz mérito em vez de obras, e isso é claramente não escriturístico. Justiça de obras pode facilmente se confundir com “fé” quando a fé é definida como se circundasse a obediência. Além disso, confiança justificadora não é “a determinação da vontade em obedecer à verdade”, mas a confiança que Deus nos dá de que Cristo já cumpriu nossa obediência. Estas palavras são, de fato, importantes.

Todavia, embora a fé não circunde a obediência, ela a produz. E, embora a confiança certamente não seja “a determinação da vontade em obedecer à verdade”, confiar em Cristo pela fé apenas inevitavelmente levará a uma nova vontade de obedecer à verdade. Para o campo “Salvador”, mas não “Senhor”, deve haver um reconhecimento de que a fé inevitavelmente produz obediência devido à iniciativa soberana de Deus (em vez de uma pessoa fazê-lo Senhor). E para a escola “senhorio salvação”, deve haver o reconhecimento de que, embora a fé inevitavelmente produza obediência, a fé não é, apesar disso, obediência.

A Reforma realmente respondeu esta questão de uma forma às vezes negligenciada por ambos os lados do presente debate. Por exemplo, Lutero falou sobre sermos justificados só pela fé, mas não pela fé que está só. Àqueles que adicionariam à fé um elemento de obediência ativa (outro que não a de Cristo), os Reformadores repreenderiam, “Fé apenas!” Mas aos antinomianos (i.e., aqueles negariam o efeito da fé salvadora), eles insistiriam que a fé verdadeira nunca é isolada. Isso, de fato, é a semente que cai no solo rochoso ou é sufocada pelas ervas daninhas. Outra definição da posição Reformada é expressa no Catecismo de Heidelberg. Somos advertidos contra qualquer perfeccionismo, “Até mesmo o melhor que fazemos nesta vida é imperfeito e manchado com o pecado”, fazendo com que toda obediência seja, na melhor das hipóteses, imperfeita. Isso, naturalmente, é consistente com Isaías 64:6, onde nos é dito, “todas as nossas justiças são como trapo da imundícia”. Mesmo assim, o Catecismo apressa-se em responder à pergunta, “Este ensino não faz com que as pessoas se tornem indiferentes e más?” “Não. É impossível que aqueles enxertados em Cristo pela fé verdadeira, não produzam frutos de gratidão”.

Eis aqui, então, dos dois corrimões da Reforma: somos justificados unicamente pelo conhecimento, aceitação e confiança na pessoa e obra de Jesus Cristo. Porém, qualquer pessoa justificada, foi regenerada, enxertada na vida de Cristo, e frutos de gratidão inevitavelmente se seguirão. Sem um interesse no Salvador e na Sua Palavra e sacramentos, não há vida. O senhorio de Cristo não é uma opção para os cristãos de primeira classe, mas uma inevitabilidade para todos os que compartilham Sua vida.

Michael Horton

Fonte: http://www.ortopraxia.com/2010/11/salvador-mas-nao-senhor-michael-horton.html

Batalhando Pela Fé

A epístola de Judas começa e termina com palavras muito confortadoras para os crentes. No versículo 1, Judas nos descreve como aqueles que são “chamados, amados em Deus Pai e guardados em Jesus Cristo”. Os três verbos estão na voz passiva. Enfatizam a ação de Deus. Ele chama, ama e guarda. Somos chamados, amados e guardados. Judas se mostrou bastante zeloso em começar enfatizando a segurança do crente na eleição e no amor preservador da parte de Deus.
No final da epístola, versículo 24, Judas afirmou: “Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante de sua glória, ao único Deus... glória”. Observe, no versículo 1, somos guardados por Deus em Jesus Cristo; e, no versículo 24, Deus é poderoso para guardar-nos de tropeços. Judas começou e terminou sua epístola assegurando os crentes de que Deus exercita sua onipotência em guardá-los de desviarem-se da fé.
O que devemos responder quando alguém nos perguntar por que estamos tão certos de que permaneceremos firmes na fé até ao fim e de que seremos salvos no Dia do Juízo? Devemos responder o seguinte: “Deus me chamou da incredulidade. Portanto, eu sei que Ele me ama com amor especial e eletivo. Por isso, sei que Ele me guardará de cair. Deus realizará em mim aquilo que é agradável diante dEle mesmo (Hb 13.21) e me apresentará com exultação diante do trono de sua glória”.
Essa é a maneira como Judas começa e termina sua epístola. No entanto, no meio da epístola, Judas demonstra outra preocupação. A sua preocupação não é ajudar os crentes a sentirem-se contentes, e sim a serem vigilantes. Depois de lhes haver mostrado o amor eletivo de Deus, bem como o incomparável poder de Deus em preservar os crentes em segurança, Judas passa a mostrar-lhes o perigo que os cerca, exortando-os a batalhar pela fé.
Versículo 3: “Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos”. Em outras palavras, a vitória certa da igreja não significa que não temos de lutar para vencer.
O simples fato de que nosso excelente General nos promete vitória nas praias do inimigo não significa que as tropas podem guardar suas armas no navio. A promessa de vitória pressupõe coragem na batalha. Quando Deus promete que sua igreja será protegida de derrotas, o propósito dEle não é que mantenhamos nossa espada na bainha, e sim que lancemos mão da espada do Espírito e olhemos confiantes para Ele, a fim de recebermos forças para vencer a batalha. Sempre que a promessa de segurança da parte de Deus é utilizada para justificar a nossa ausência no campo na batalha, podemos suspeitar que há um traidor entre os nossos soldados.
Conforme podemos observar na epístola de Judas, o procedimento de Deus é proporcionar confiança ao seu povo, a confiança de que a sua fé será vitoriosa ao fim (vv. 1, 24), e, depois, enviá-los para lutar pela fé.
O assunto central do pequeno livro de Judas é o versículo 3. Por isso, desejamos torná-lo o assunto de nossa mensagem: é dever de todo crente genuíno batalhar pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos. Procurarei desenvolver o significado desta doutrina utilizando quatro sentenças.
1. Existe uma fé que de uma vez por todas foi entregue aos santos.
2. Esta fé é digna de que batalhemos por ela.
3. Esta fé está sendo constantemente ameaçada por elementos de dentro da igreja
4.Todo crente genuíno deve batalhar por esta fé.
1. Existe uma fé que de uma vez por todas foi entregue aos santos. Às vezes, a palavra “fé” é utilizada significando o sentimento de confiança em Cristo. Em outras vezes, como acontece nesta passagem, ela foi utilizada significando as verdades em que cremos a respeito dAquele em quem confiamos.
Por um lado, é necessário enfatizar que o cristianismo é basicamente um relacionamento com Jesus, e não um conjunto de idéias sobre a pessoa de Jesus. A razão por que fazemos isso é esta: ninguém será salvo por crer e um conjunto de idéias. O diabo crê na maior parte das verdades do cristianismo. Precisamos enfatizar que, se uma pessoa não tiver uma confiança viva em Jesus, como Salvador e Senhor, toda a ortodoxia do mundo não introduzirá tal pessoa no céu.
Mas, se nossa ênfase no relacionamento pessoal com Jesus nos leva a negar que existe um grupo de verdades essenciais no cristianismo, cometemos um grave erro. Existem verdades sobre Deus, o Senhor Jesus, o homem, a igreja e o mundo que são essenciais à vida do cristianismo. Se tais verdades são corrompidas e distorcidas, o resultado não será apenas idéias erradas e verdades mal aplicadas. A vida íntima de fé não é independente das afirmações doutrinárias da fé. Quando as doutrinas estão corrompidas, o coração se encontra na mesma condição. Existe um corpo de doutrinas que tem de ser preservado.
A maior evidência disso no versículo 3 é a declaração de Judas no sentido de que a fé “uma vez por todas foi entregue aos santos”. Isto significa que ela se propagou a partir dos apóstolos. A fé não foi inventada pela igreja. Foi revelada por Deus aos seus apóstolos e a seus companheiros mais achegados; em seguida, ela foi ensinada às igrejas como “todo o desígnio de Deus” (At 20.27).
Para nós, uma das ex-pressões mais importantes é “uma vez por todas” (v. 3). Agora estamos há quase dois mil anos depois que a fé foi inicialmente entregue à igreja e estamos cercados por milhares de pessoas e seitas que reivindicam ter uma nova palavra de revelação que completa a Palavra de Deus para a humanidade. Maomé ofereceu aos seguidores o Alcorão; Joseph Smith, o seu Livro de Mórmom; Sun Moon, o seu Princípio Divino. E todos os dias vocês encontram pessoas que consideram as tendências intelectuais contemporâneas como um substituto adequado para a Bíblia.
Mas observe com bastante cuidado. Judas ensinou que a fé “uma vez por todas foi entregue aos santos”. A revelação de Deus concernente ao conteúdo doutrinário de nossa fé está completo. A igreja está edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas (Ef 2.20). Qualquer pessoa que surge e reivindica ter uma nova revelação da parte de Deus, para acrescentá-la à fé que “uma vez por todas foi entregue aos santos”, está agindo contra as Escrituras.
A razão por que temos a Bíblia é que a igreja do terceiro e do quarto século reconheceu que Deus falou “uma vez por todas” nesses escritos. O cânon foi concluído, e todas as reivindicações a respeito da verdade têm de ser avaliadas pelo padrão da fé que “uma vez por todas foi entregue aos santos”.
Quando afirmamos a existência de uma fé que “uma vez por todas foi entregue aos santos”, queremos dizer fé e não “fés”. Em nossos dias, é comum alguém falar sobre diversas teologias no Novo Testamento.
Os eruditos gostam de enfatizar a diversidade de opiniões entre os autores do Novo Testamento e a dificuldade para trazê-los todos a um entendimento coerente da realidade.
Ora, certamente existe alguma diversidade entre um escritor inspirado e outro do Novo Testamento. Mas eu rogo à nova geração de estudiosos que pensem mais e melhor a respeito das implicações de Judas 3: “A fé que uma vez por todas foi entregue aos santos”. Embora possa haver diversidade na maneira como entendemos esta fé, a ênfase recai sobre a unidade. Existe uma fé apostólica. Existe um corpo de doutrinas que sustentam uma à outra, chamado “fé”. Não devemos acrescentar ou retirar nada desse corpo de doutrinas. Ele foi uma vez por todas entregue aos santos.
2. Esta fé é digna de que batalhemos por ela. Lemos em Romanos 14 que um crente considera um dia superior aos demais e que outro crente considera iguais todos os dias. Cada crente deve estar convicto em sua própria mente e não menosprezar nem condenar seu irmão. Mas na epístola de Judas somos ensinados a batalhar por aquilo em que cremos.
O que eu posso deduzir é que existe um conjunto de doutrinas digno de que batalhemos por ele, bem como aplicações secundárias dessas doutrinas; e por causa dessas aplicações não devemos contender uns com os outros.
Mas grave isto em sua mente: existe uma verdade digna de que batalhemos por ela. Existe uma verdade digna de morrermos por ela. Isso é muito difícil para a nossa cultura relativista entender. Talvez sejamos capazes de imaginar uma pessoa morrendo por outra; todavia, muitos em nossos dias não consideram qualquer verdade tão preciosa, que eles lutarão ou mesmo morrerão por ela.
Não foi sempre assim. A fé que hoje nutrimos foi preservada para nós à custa do sangue de centenas de reformadores. De 1555 a 1558, a rainha Maria, a católica que reinou na Inglaterra, queimou na fogueira 288 reformadores protestantes — homens como John Rogers, John Hooper, Rowland Taylor, Robert Ferrar, John Bradford, Nicholas Ridley, Hugh Latimer e Thomas Cranmer. E por que eles foram queimados? Porque permaneceram firmes em favor de uma verdade — a verdade de que a presença real do corpo de Jesus não está na eucaristia, e sim no céu, à direita do Pai. Por essa verdade, eles suportaram o agonizante sofrimento de serem queimados vivos.
O sangue dos mártires é um poderoso testemunho de que a fé “uma vez por todas” entregue aos santos é digna de batalharmos por ela. Existe evidência disso no versículo 3. Judas disse que desejava realmente escrever acerca da nossa comum salvação. “Quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé.” Quando a fé está em jogo, nossa salvação também está em jogo. Se a verdade está corrompida, a nossa salvação também está corrompida. Os apóstolos e reformadores se mostraram dispostos a morrer por causa da fé, porque se preocuparam com a preservação da mensagem de salvação — eles se preocuparam com pessoas e com a glória de Deus.
Precisamos obter um sentimento completamente novo da preciosidade da doutrina bíblica. Como igreja, precisamos conhecer a profundidade, a beleza e o valor da verdade doutrinária. Existe uma fé digna de contendermos por ela.
3. Esta fé está sendo constantemente ameaçada por elementos de dentro da igreja. Maria, a sanguinária, confessava ser cristã; ela não era bárbara. Os piores inimigos da doutrina cristã são aqueles que se declaram cristãos e não se apegam à fé que “uma vez por todas foi entregue aos santos”.
Em sua última mensagem aos pastores da igreja de Éfeso, o apóstolo Paulo os advertiu dizendo: “Depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas, para arrastar os discípulos atrás deles” (At 20.29-30). Os lobos que pervertem a fé são pessoas que se declaram crentes. São pastores, líderes de igreja, professores de seminários e missionários.
Em sua epístola, Judas apresenta no versículo 4 a razão por que a igreja precisava preparar-se para batalhar pela fé: “Certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente pronunciados para esta condenação, homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo”.
Assim, a ameaça à fé está vindo de indivíduos que agora se encontram no meio da igreja. Provavelmente, eles estão dizendo o seguinte: “Se nós somos salvos pela graça, não importa o que somos em nossa vida moral. Na verdade, quando um crente peca, isto serve tão-somente para magnificar a graça de Deus”. Deste modo, eles colocam a graça de Deus em oposição aos mandamentos de Cristo e, na prática, negam o senhorio de Jesus.
Eles têm agido dessa maneira desde o primeiro século. Paulo disse que isso iria acontecer. Judas o viu se realizando, como um cumprimento das predições de Paulo. Nos versículos 17 e 19, Judas afirmou: “Lembrai-vos das palavras anteriormente proferidas pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo, os quais vos diziam: No último tempo, haverá escarnecedores, andando segundo as suas ímpias paixões. São estes os que promovem divisões, sensuais, que não têm o Espírito”.
Embora as cartas de Paulo tenham-no feito derramar muitas lágrimas (Fp 3.18), quase todas as cartas abordam assuntos relacionados a lutas que estava travando com pessoas que declaravam ser crentes. Portanto, não devemos ficar surpresos com o fato de que hoje muitas de nossas lutas em favor da fé se realizam com crentes que ensinam e escrevem coisas que (pelo menos do nosso ponto de vista) são contrárias à “fé que uma vez por todas foi entregue aos santos”.
O Novo Testamento ensina com muita clareza que a fé será, por repetidas vezes, ameaçada por pessoas de dentro da igreja.
4. Isso nos leva à admoestação final: todo crente genuíno deve batalhar por esta fé. A epístola de Judas não foi escrita para um pastor, e sim para aqueles que são “chamados, amados em Deus Pai e guardados em Jesus Cristo” (v. 1). Por conseguinte, o dever de batalhar pela fé não pertence exclusivamente aos pastores consagrados ao ministério da Palavra, embora eles tenham uma responsabilidade especial. Batalhar pela fé é o dever de todo crente verdadeiro.
Os versículos 21 e 22 nos dizem algo sobre as coisas que nos deveriam preparar para batalharmos pela fé — “Vós, porém, amados, edificando-vos na vossa fé santíssima, orando no Espírito Santo, guardai-vos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna”. E os versículos 22 e 23 nos falam a respeito de maneiras pelas quais podemos envolver-nos nessa batalha.
A melhor coisa que podemos fazer para que sejamos uma igreja eficaz em batalhar pela fé é nos tornarmos uma igreja bem fundamentada na fé — “Edificando-vos na vossa fé santíssima”. Estudem! Meditem! Edifiquem! Cresçam! Há muitas verdades maravilhosas a aprendermos sobre Deus. E a melhor defesa da fé é conhecer tais verdades e amá-las.
A oração é uma parte indispensável do batalhar pela fé — “Orando no Espírito Santo”. A menos que procuremos ter a mentalidade do Espírito Santo, através da oração, não cresceremos em nossa assimilação da fé e seremos soldados fracos.
No que se refere à batalha propriamente dita, Judas instruiu: “E compadecei-vos de alguns que estão na dúvida; salvai-os, arrebatando-os do fogo; quanto a outros, sede também compassivos em temor, detestando até a roupa contaminada pela carne”.
Pelo menos duas coisas são evidentes nessa instrução: 1) batalhar às vezes envolve um esforço intelectual para que seja mudada a maneira de pensar da outra pessoa — “Compadecei-vos de alguns que estão na dúvida”; 2) batalhar às vezes envolve repreensão moral — “Procurem aqueles que estão atolados no lamaçal onde foram apanhados por idéias perversas e resgatem-nos ao lugar de segurança, mesmo que odeiem o que eles estão fazendo”.
Na realidade, essas coisas andam sempre juntas: um esforço para mudar a maneira de pensar e um empenho para mudar a moralidade. Batalhar pela fé nunca é simplesmente um exercício acadêmico, assim como nunca é apenas um exercício mental; visto que a fonte de todas as falsas doutrinas é o orgulho do coração humano e não a fraqueza de sua mente.
Essa é a razão por que Judas nos exorta a crescer, orar, permanecer no amor de Deus e depender de sua misericórdia, antes de afirmar qualquer coisa sobre a maneira como devemos batalhar pela fé. Viver a fé é o melhor argumento que os crentes têm em favor da fé. Por essa razão, o apóstolo Pedro disse: “Santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós” (1 Pe 3.15). A maneira como você luta é tão importante quanto o conteúdo de seus argumentos. Você pode vencer com sua lógica e perder com sua vida.
Em resumo,
1. Existe uma fé que uma vez por todas foi entregue aos santos.
2. Esta fé é digna de que batalhemos por ela.
3. A fé está, por repetidas vezes, sofrendo ameaças vindas da própria igreja, por meio de crentes que professam apenas verbalmente a fé.
4. É dever de todo crente batalhar pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos.
 Por: John Piper

Sobre a PL 122 e o celeuma mackenzista

“E um deles, intérprete da Lei, experimentando-o, lhe perguntou:
Mestre, qual é o grande mandamento na Lei?
Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento.
Este é o grande e primeiro mandamento.
O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.” (Mt. 22:35-40)

Existe uma grande incompreensão da Palavra de Deus atualmente. Usamos, erroneamente, “trechos selecionados” das Sagradas Escrituras, para justificar o injustificável.
Se clama pela falta de amor dos cristãos pelos homossexuais. Os cristãos são atrasados, hipócritas ao ensinar sobre o amor e condenar o homossexualismo.
É isso o que está ocorrendo com todo o celeuma que envolve a Universidade Presbiteriana Mackenzie, a Igreja Presbiteriana do Brasil, e mais diretamente, o Reverendo Augusto Nicodemos Lopes.
Para poder me posicionar melhor sobre o caso, estou tentando acompanhar como alguns meios de comunicação estão se posicionando no caso da suposta acusação de “homofobia”.
E porque coloquei entre aspas a palavra homofobia?
Simples, porque não se trata de forma alguma de homofobia.
Fobia, que vem do grego Phóbos, pode ser entendida como a “Aversão a alguma coisa ” (dicionário Michaelis), “Medo intenso, horror; pavor” (dicionário Aulete).
Os cristãos não estão com pavor, horror dos homossexuais. Muito pelo contrário, seguimos à risca o que Jesus ensinou sobre amar ao próximo.
O erro consiste em não compreender que o amor exige também correção, exortação. Quem ama busca o caminho correto para o seu próximo.
Outro ponto que deve ser esclarecido é que o projeto de lei 122, é uma forma de impor coercitivamente o silencio àqueles que não concordam com os valores que o homossexualismo prega.
A Carta Magna brasileira, no seu artigo 5º estabelece:

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
...
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
...
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
...
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
    
Fica clara a existência de uma proteção a qualquer pessoa, independentemente do sexo ou da orientação sexual.
Portanto, a lei é redundante, desnecessária no que tange à proteção dos homossexuais.
Por fim, gostaria de deixar evidente que a PL122 fere a Constituição Federal, porque a liberdade de consciência, crença e manifestação de pensamento estão sendo atacados.
Manifestar os pensamentos é distinto de incitar a violência ou denegrir a imagem de alguém, que são atitudes condenáveis.
Nós, cristãos, estamos lutando para que nosso direito de manifestar nossos pensamentos não seja cerceado.
Que Deus abençoe a todos.

“Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” (Gn 1:27)

Daniel Kim 

Universidade Mackenzie: Em Defesa da Liberdade de Expressão Religiosa

A Universidade Presbiteriana Mackenzie vem recebendo ataques e críticas por um texto alegadamente “homofóbico” veiculado em seu site desde 2007. Nós, de várias denominações cristãs, vimos prestar solidariedade à instituição. Nós nos levantamos contra o uso indiscriminado do termo “homofobia”, que pretende aplicar-se tanto a assassinos, agressores e discriminadores de homossexuais quanto a líderes religiosos cristãos que, à luz da Escritura Sagrada, consideram a homossexualidade um pecado. Ora, nossa liberdade de consciência e de expressão não nos pode ser negada, nem confundida com violência. Consideramos que mencionar pecados para chamar os homens a um arrependimento voluntário é parte integrante do anúncio do Evangelho de Jesus Cristo. Nenhum discurso de ódio pode se calcar na pregação do amor e da graça de Deus.
Como cristãos, temos o mandato bíblico de oferecer o Evangelho da salvação a todas as pessoas. Jesus Cristo morreu para salvar e reconciliar o ser humano com Deus. Cremos, de acordo com as Escrituras, que “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3.23). Somos pecadores, todos nós. Não existe uma divisão entre “pecadores” e “não-pecadores”. A Bíblia apresenta longas listas de pecado e informa que sem o perdão de Deus o homem está perdido e condenado. Sabemos que são pecado: “prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, contendas, rivalidades, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias” (Gálatas 5.19). Em sua interpretação tradicional e histórica, as Escrituras judaico-cristãs tratam da conduta homossexual como um pecado, como demonstram os textos de Levítico 18.22, 1Coríntios 6.9-10, Romanos 1.18-32, entre outros. Se queremos o arrependimento e a conversão do perdido, precisamos nomear também esse pecado. Não desejamos mudança de comportamento por força de lei, mas sim, a conversão do coração. E a conversão do coração não passa por pressão externa, mas pela ação graciosa e persuasiva do Espírito Santo de Deus, que, como ensinou o Senhor Jesus Cristo, convence “do pecado, da justiça e do juízo” (João 16.8).
Queremos assim nos certificar de que a eventual aprovação de leis chamadas anti-homofobia não nos impedirá de estender esse convite livremente a todos, um convite que também pode ser recusado. Não somos a favor de nenhum tipo de lei que proíba a conduta homossexual; da mesma forma, somos contrários a qualquer lei que atente contra um princípio caro à sociedade brasileira: a liberdade de consciência. A Constituição Federal (artigo 5º) assegura que “todos são iguais perante a lei”, “estipula ser inviolável a liberdade de consciência e de crença” e “estipula que ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política”. Também nos opomos a qualquer força exterior – intimidação, ameaças, agressões verbais e físicas – que vise à mudança de mentalidades. Não aceitamos que a criminalização da opinião seja um instrumento válido para transformações sociais, pois, além de inconstitucional, fomenta uma indesejável onda de autoritarismo, ferindo as bases da democracia. Assim como não buscamos reprimir a conduta homossexual por esses meios coercivos, não queremos que os mesmos meios sejam utilizados para que deixemos de pregar o que cremos. Queremos manter nossa liberdade de anunciar o arrependimento e o perdão de Deus publicamente. Queremos sustentar nosso direito de abrir instituições de ensino confessionais, que reflitam a cosmovisão cristã. Queremos garantir que a comunidade religiosa possa exprimir-se sobre todos os assuntos importantes para a sociedade.
Manifestamos, portanto, nosso total apoio ao pronunciamento da Igreja Presbiteriana do Brasil publicado no ano de 2007 e reproduzido parcialmente, também em 2007, no site da Universidade Presbiteriana Mackenzie, por seu chanceler, Reverendo Dr. Augustus Nicodemus Gomes Lopes. Se ativistas homossexuais pretendem criminalizar a postura da Universidade Presbiteriana Mackenzie, devem se preparar para confrontar igualmente a Igreja Presbiteriana do Brasil, as igrejas evangélicas de todo o país, a Igreja Católica Apostólica Romana, a Congregação Judaica do Brasil e, em última instância, censurar as próprias Escrituras judaico-cristãs. Indivíduos, grupos religiosos e instituições têm o direito garantido por lei de expressar sua confessionalidade e sua consciência sujeitas à Palavra de Deus. Postamo-nos firmemente para que essa liberdade não nos seja tirada.
Este manifesto é uma criação coletiva com vistas a representar o pensamento cristão brasileiro. 
Para ampla divulgação.

Sem doutrina não há crescimento!

Muitos cristãos me questionam sempre quando defendo e luto pela pregação e ensino da sã doutrina.
É triste, mas, muito comum, as pessoas considerarem que, nesta luta, às vezes passo a impressão de ser alguém soberbo, orgulhoso, prepotente, ou seja, o “chato” da turma.
Compreendo e agradeço essas manifestações, porque isso me mantém sempre atento.
Eu não estou lutando por “meus pensamentos ou ideais”, mas sim pela reverência e temor às Sagradas Escrituras.
Me preocupa ver o grande número de pessoas inteligentes e estudadas que não se preocupam com a sã doutrina. Ouvem uma pregação, mas não se preocupam com o todo, mas apenas em partes, trechos.
Cuidado meus queridos! A distorção da Palavra de Deus é sutil e não escancarada! Por isso devemos nos ater a tudo que nos é pregado, ou por acaso não sabeis que tentarão vos enganar com astúcia (Ef 4:14)?
E como resistir então? Conhecendo a Verdade. Estudando a Verdade. Meditando na Verdade. Vivendo na Verdade.
Aonde entra em tudo isso a doutrina?
Vejamos, antes de mais nada, uma definição de doutrina.
Doutrina, por definição é "Conjunto de dogmas e princípios que fundamentam um sistema ideológico, filosófico, político, religioso etc." (dicionário Aulete).
Esse conjunto de dogmas e princípios presentes na Bíblia não foram criados pelo homem, mas sim por Deus. Estão lá, é só ler.
Ou não sabeis que as Escrituras foram inspiradas por Deus (2Tm 3:16)?
Por acaso a Reforma Protestante foi em vão? Lutero que lutou pela doutrina da Justificação pela Fé, desperdiçou suas forças à toa?
Não bastasse isso, existem inúmeras exortações e exemplos na Bíblia a respeito da importância da doutrina correta (2Jo 1:9, João 18:19, 1Tm 4:6, Mc 4:2, 2Tm 4:3, João 7:16, Tt 1:9, At 2:42, etc). Você nunca leu? Ou mesmo sabendo ignorais essa responsabilidade? Não se esqueça, Deus vai te cobrar isso.
Por fim, gostaria de esclarecer uma coisa: as pessoas confundem defender a sã doutrina com defender uma denominação. São coisas distintas. Sejamos zelosos como os bereanos (At 17:11,12).
E que não sejamos repreendidos pelo Senhor!

“O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porque tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos” (Os 4:6).






OBS: Este vídeo cita, de forma bem sutil, a necessidade da Santificação, por sinal, uma doutrina bíblica.

Caso você queira ler mais a respeito sugiro a leitura dos seguintes textos:

Você é um Cara Legal?

O vídeo a seguir é muito interessante, já que ele nos ensina de forma didática e simples que:

"Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que não peque". (Ec 7:20)


Análise da música "Livre Acesso"

Em primeiro lugar, gostaria de deixar claro que admiro muito o excelente trabalho que vem sendo realizado por diversos grupos musicais no meio evangélico brasileiro. Quando posto comentários sobre as músicas, não pretendo denegrir ninguém. Apenas comparar ou confrontar as diversas canções com a doutrina bíblica. Minha intenção é a de fornecer bases para um debate sincero e esclarecedor a respeito do que a Bíblia nos ensina, a fim de que os leitores e compositores pensem sobre a importância da correção bíblica do que cantamos. Se nossa adoração tem que ser em espírito e em verdade (contra o que é falsificado), ou seja, embasada na Palavra, então precisamos pensar mesmo.
Hoje escolhi uma canção belíssima e extremamente envolvente para pensar a respeito de sua letra. Eis a canção:

Senhor eu não sou nada diante do teu poder 
Nem merecedor do teu imenso amor 
Através do teu filho tenho livre acesso a ti 
Que me fez chegar aos teus pés 
Me humilhar diante de ti 
Deixa o teu rio, passar em minha vida 
E curar minhas feridas, sarar as minha dores 
Livra-me ó Deus, das cadeias que me prendem 
Toca em minha'alma, faz de mim o teu querer 
Senhor!



Esta canção possui uma ênfase importante na necessidade de nos humilharmos perante o Senhor. Jesus disse que os humildes de espírito são bem-aventurados, em Mateus 5.3. Tiago recomenda que nos humilhemos perante Deus e ele nos exaltará (Tg 4.10). Realmente, não temos nada a oferecer a Deus; só podemos pedir. Como pecadores que somos, não merecemos mesmo a bondade de Deus, seu amor, a salvação, a misericórdia. No entanto, como bem ressaltou o autor, temos acesso ao Pai pela mediação do Filho, o sumo-sacerdote que nos aproxima pelo seu sangue (Hb 10.19-21). A menção ao rio, que ele pede que o Senhor deixe passar, nos faz lembrar da torrente das águas purificadoras de Ezequiel 47 e nos remetem às palavras de Jesus em João 7.37-39: "Ora, no seu último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva. Ora, isto ele disse a respeito do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito ainda não fora dado, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado".
O problema surge quando chegamos à parte em que o autor diz: "livra-me ó Deus das cadeias que me prendem". A relevância dessa frase dependerá de quem está cantando. Se for um cristão genuíno, não faz sentido nenhum. Jesus disse:  "E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" (Jo 8.32). Também afirmou: "Se, pois o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres". Paulo disse que o Senhor nos chamou à liberdade (Gl 5.13). Também João afirma que Jesus Cristo se manifestou para destruir as obras do diabo (1Jo 3.8). Em suma, se você creu no evangelho, foi liberto. Não faz sentido agora cantar "livra-me das cadeias que me prendem". Se alguém cantar isso, biblicamente falando, é porque ainda não foi salvo. "Mas e a liberdade poética"?  - alguém poderia perguntar. Volto a dizer o que já escrevi aqui uma vez: nossa liberdade poética tem que ser serva da palavra de Deus. Outra pessoa poderia pensar que o sentido é de  nos livrar do pecado que nos assedia. Mas ser assediado pelo pecado não significa ser escravo do pecado. Mesmo quem não é mais escravo do pecado por causa da conversão, terá de travar lutas para mortificar o pecado na vida a cada dia (Gl 5.17). Mas ele vence o pecado (1Jo 3.9), porque não é escravo.
Concluindo, se eu pudesse fazer uma sugestão ao compositor, sugeriria uma revisão nessa frase, pois, com as coisas de Deus, boa intenção apenas não resolve (Uzá que o diga!). É necessário que cantemos a fiel Palavra de Deus ou algo que esteja em plena conformidade com ela. Os cânticos precisam ser espirituais. E serão, se estiverem de acordo com a Palavra de Deus, que é inspirada pelo Espírito Santo e tem que ser a nossa única regra de fé e prática.

Pr. Charles    

Amor diante da morte...

“Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”. (Rm 8:35-39 ARA)

2:41 p.m., acabo de ler no site Voltemos ao Evangelho a notícia da condenação à morte de um pastor iraniano. Acusação: apostasia. Minha reação: senti como um tapa na minha face.
Porquê? Sinto vergonha de poder morar em um país (Brasil) aonde, ainda, existe uma certa liberdade de expressar suas crenças.
Estou muito longe do Irã, e mais distante ainda se encontra a morte por Cristo. Diante desse cenário é fácil pensar: “Com certeza eu morreria pelo Evangelho”. Quão tolo sou!
Será que se me torturassem, lentamente, arrancando partes do meu corpo, conseguiria suportar as dores? Permaneceria firme, até a morte?
E, se por acaso, seqüestrassem entes e amigos queridos, torturando-os, permaneceria inabalável?
É nesses momentos, quando não nos resta mais lutar por nossas forças, que a fé reluz nas nossas vidas.
Nesta hora, diante do gélido sopro da morte, que nossos olhos devem se voltar ao nosso único socorro: Cristo.
Devemos orar por força, capacitação e consolo. Mas o mais importante de tudo: devemos pedir por amor.
Amor para poder orar como o Senhor, quando afligido de todas as dores, humilhado e menosprezado, orou pelo perdão daqueles que o crucificaram (Lc 23:34) ou como Estevão, que ao ser atingido pela fúria de seus opositores, foi apedrejado covardemente, mas clamou a Deus pelo perdão daqueles que o maltratavam (At 7:60).
Que o Senhor tenha misericórdia da minha vida, porque sou tão pequeno! E caso um dia, venha a ter que morrer pelo Evangelho, que Ele me conceda o Amor para perdoar meus detratores!

OBS: Oremos pelo pastor e pela família dele, para que Deus os fortaleça nesse momento tão difícil. Oremos também por todos aqueles que sofrem perseguição por amor a Cristo.