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Sobre Finados e a cultura oriental

Estamos na última semana de Outubro, e ando refletindo sobre o feriado que se aproxima: Finados.
Tem uma coisa que me incomoda demais no meio cristão, principalmente oriental, e mais especificamente, no coreano.
É muito comum as famílias celebrarem a data póstuma dos seus antepassados, com o intuito de guardarem na memória as pessoas que já partiram, de uma forma, ao meu ver, extremamente questionável.
Vemos reuniões nas quais se coloca uma foto do ente querido, à cabeceira da mesa do almoço ou jantar, como se a pessoa ainda “se encontrasse presente”, “agradecendo” pela refeição e “oferecendo” parte dela ao parente “homenageado”.
Depois disso, a tradição manda as pessoas a realizarem uma reverência à foto, na qual a pessoa se prostra com o rosto até o chão.
O mais engraçado é que se algum cristão, questiona toda essa “cerimônia”, é tratado como desrespeitador, ou outros adjetivos de pior alcunha, da tradição milenar coreana.
Sinceramente, estamos diante de um caso na qual se misturam elementos de necromancia e idolatria.
A necromancia, a consuta aos mortos, é condenada veementemente nas Sagradas Escrituras. Vejamos:

“Não se achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem necromante, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao SENHOR; e por estas abominações o SENHOR, teu Deus, os lança de diante de ti”. (Dt 18: 10-12 - ARA) (grifo nosso)

A idolatria, que consiste basicamente em prestar culto ou adorar ou venerar qualquer coisa ou ser, vivo ou espiritual, além de Deus, é uma transgressão dos 10 Mandamentos. Vejamos:

“Então, falou Deus todas estas palavras: Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem”. (Ex 20: 1-5 – ARA)

Quando nos prostramos diante da foto ou imagem de alguém, é idolatria.
Portanto, diante de tudo o exposto, nós cristãos, principalmente os orientais, devemos refletir tudo que envolve a tradição cultural que conhecemos. Caso esses costumes transgridam a Palavra de Deus, devemos, imediatamente, abandoná-los.
Que não sejamos como os fariseus e os escribas, que foram duramente repreendidos pelo Senhor:

“Ele, porém, lhes respondeu: Por que transgredis vós também o mandamento de Deus, por causa da vossa tradição?” (Mt 15: 3 – ARA)

A História de dois irmãos

Guerra da Coréia. O país estava sendo destruído. Dentre muitas famílias, existe uma em peculiar. Um pai e dois filhos. O filho mais novo, que chamarei de IN (irmão mais novo), sonhava em se tornar um militar. O pai, por sua vez, tivera seus sonhos destruídos pela fome, pela pobreza e pela guerra. O filho mais velho, que chamarei de IV (irmão mais velho), em algum período da sua vida, entre a adolescência e a juventude, teve contato com o Evangelho de Cristo. Ele se tornara cristão, em uma família que não acreditava nas Escrituras.
IN, após algum tempo, finalmente consegue entrar para as forças armadas.
A história parece que se desdobrará como a maioria das que conhecemos, mas, infelizmente, irá piorar. Um dos três não irá sobreviver...

(...) Um certo dia, estava IV cuidando dos seus afazeres, quando, subitamente, as pessoas do seu vilarejo o estavam chamando com muita urgência: seu querido irmão fora atingido. IV, juntamente com seu pai, ambos tomados pelo desespero do momento, partiram rumo ao hospital. A cena era demasiadamente triste. Ali, deitado na cama, se encontrava diante daqueles dois homens, aquele a quem eles dedicaram tanta atenção e carinho.
A cama alvejante, mais branca do que a neve, estava prenunciando a iminente e inevitável partida.
O jovem, consciente do estado em que se encontrava, começou a pedir o perdão da família. Ele contou à família como fora tolo. Ele não fora atingido em batalha, ou pego de surpresa por algum inimigo. Ele tinha sofrido um acidente: atirara contra si mesmo, ao tentar lustrar a arma do sargento. Planejara fazer essa surpresa ao seu superior, para poder se destacar dos outros. Mas ele nunca manejara uma arma antes. Não sabia que ela estava carregada.
Entretanto, diante do horror da morte, o jovem ferido aparentava uma paz de espírito inexplicável. Sua face era serena. Nesse momento, ele olha para IV:

- Obrigado porque você me apresentou Jesus Cristo – disse ele sorrindo, apesar das dores.

Após isso, ele se dirige ao seu pai para proferir suas últimas palavras:

- Pai, não chores por mim...

“Um pai nunca deveria ter que sepultar seu próprio filho”

- Por favor, não chores por minha causa. Estou indo para um lugar aonde não existe fome, dor, morte....

“Me desculpa filho. Não fui capaz de te proteger de todas essas coisas. Me desculpa ...”

- Mas Jesus morreu por mim e agora eu sou feliz. Finalmente achei meu lugar.

“Por favor...por favor...”

As janelas da alma suavemente se fecham. Estava deitado, naquele momento, o corpo de um jovem soldado que nunca lutara. Mas ele adormecera em uma quietude, em uma paz divina.
O pai, sem palavras, estava diante do corpo daquele que tanto amava.
O filho que restara, tenta puxar uma conversa com o pai.
Mas ele não se mexia, nem perguntava coisa alguma.
E, nesse instante, aconteceu algo tão inimaginável para a milenar, rígida e hierárquica sociedade coreana da época.
O pai, voltando seus olhos para seu filho mais velho, lhe diz, comovidamente:

“ Filho, por favor, me ensina quem é esse Jesus Cristo.”
“Por favor me diga...”

Foi assim que uma família destruída se tornou cristã.
Aquele irmão mais velho se tornara o homem mais grato que já nascera. Ele teve o privilégio de colocar a vida de seu pai e de seu irmão nas mãos de Jesus.
Mais tarde ele se mudaria para a Argentina, um lugar na qual não faltariam alimento e terras férteis.
Ali viveu por muitos anos, até que chegou o dia em que partiu para reencontrar sua querida família.

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Essa é a história do meu falecido avô materno. Foi a última história que ele contou a meu irmão caçula, antes de partir.
Tomei conhecimento dessa história faz pouco tempo.
Somente Cristo é capaz de tudo isso.
Somente Ele é capaz de mudar corações, mentes e culturas.
Ele é soberano.
Soli Deo Gloria e Sola Christus. 

A Falácia da Liberdade Poética


“De boas palavras transborda o meu coração. Ao Rei consagro o que compus; a minha língua é a pena de habilidoso escritor” (Salmo 45.1)

 Já reparou como existem novos compositores a cada dia criando músicas, escrevendo letras, gravando CDs, buscando lugar ao sol em plena praia badalada no verão? Nos últimos anos vimos a multiplicação de artistas evangélicos, das produções sem a devida qualidade musical, da conseqüente crise dos estúdios de gravação. Um amigo meu, dono de um estúdio maravilhoso em Belo Horizonte disse que há dez anos atrás seu estúdio era ocupado de manhã, de tarde e de noite. Vivia cheio de gente. Os crentes eram os que mais alugavam para ensaios e gravações. Hoje em dia todo mundo quer gravar em casa mesmo, no computador, com uma plaquinha de som mais ou menos, a abundância de repertório disponível.
Este boom fonográfico tem ocasionado sérios problemas no repertório cristão: a superficialidade e o erro teológico nas letras, além da falta de reflexão acerca da impressão que as músicas causam por causa do estilo, bem como acerca da coerência entre a impressão e a expressão (a mensagem). A “impressão” tem a ver com o sentimento que a música comunica ou a atmosfera que ela gera, só pelo instrumental. Por exemplo, se você ouvir uma música, mesmo sem a letra, também poderá dizer se ela é alegre, triste, misteriosa, etc. Já a expressão tem a ver com o texto que ela subsidia. Então os compositores deveriam pensar se há coerência entre a letra (expressão) e a música em si (impressão). Isso, quando levado em conta na hora de escolher a música que será cantada no culto, favorece uma adoração apropriada sendo a música um meio.
Mas ainda quanto à “expressão”, o problema é quando a letra diz algo que não tem amparo na Bíblia. Os compositores e defensores das músicas ruins e fraquinhas de mensagem bíblica dizem que se trata de “liberdade poética”. Então eu poderia cantar na igreja “como Zaqueu, eu vou subir o mais alto que eu puder e chamar tua atenção”, embora, no texto de Lucas 19.1-10 nada disso tenha ocorrido no caso do baixinho cobrador de impostos, que, curioso para ver Jesus, subiu no sicômoro. Aliás, não foi Zaqueu quem chamou a atenção de Jesus, mas este tomou a iniciativa e, pelo contrário do que diz a letra da música, chamou a atenção de Zaqueu, pronunciando seu nome e se convidando para almoçar em sua casa (porque um publicano não poderia jamais convidar um judeu para comer em sua casa, pois não fazia parte da comunhão na sinagoga). O final do texto mostra claramente que não depende do pecador chamar a atenção de Deus. Antes, é Deus quem toma a iniciativa para salvar graciosamente o pecador: “porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido”. Em suma, cantam, ensinam e repetem a música, mesmo com seus erros doutrinários, porque, afinal, é a liberdade poética.
Quero fazer uma consideração sobre a "Liberdade Poética". Esta liberdade tem sido alvo de apelos quando algo da letra é questionado. Veja bem, a liberdade poética sugere que o poeta é livre para não seguir determinadas regras gramaticais. É o caso da música que diz: "inútel, a gente somos inútel", do Roger (Ultraje a Rigor). No entanto, existem limites entre a liberdade e a coerência. Posso ser livre para escrever o que eu quiser, mas precisa ter coerência ou fazer algum sentido. Quando escrevemos poemas sobre o conteúdo bíblico, a liberdade poética se torna serva da Escritura Sagrada. Então podemos escrever com liberdade para nos expressar com os recursos da poética da língua portuguesa, mas com submissão total às Escrituras Sagradas.
Para encerrar esta breve reflexão, pensemos no que devemos fazer então com a liberdade poética na hora compor ou de escolher o repertório do culto ou da vida. Podemos e devemos usar de todos os recursos que a poética da língua portuguesa nos oferece: a metáfora (dizer uma coisa em outros termos aproveitando a associação de semelhança de idéias), o paradoxo (aparente contradição), a zeugma (elipse do verbo), etc. Precisamos ser criativos na hora de escrever e exigentes na hora de ler. Valorize a boa poesia. Isso estimulará os poetas a escreverem melhor. Submeta sempre a liberdade poética à autoridade da Escritura. Se as explicações em demasia são necessárias antes da música, então ela não é apropriada. A letra deveria expressar claramente a verdade da palavra de Deus. Assim, que a liberdade poética não seja uma falácia para comunicar o erro, mas uma ferramenta para que a nossa poesia seja verdadeira e criativa.
Pr. Charles

Aos mestres, com carinho

15 de Outubro. Dia o Professor. Arte em forma de dedicação, paciência, abnegação, sofrimento.
Todos temos na lembrança alguém que marcou, positivamente, nossa passagem pelos bancos escolares.
Aquela “tia”, professora que dedicou mais tempo às nossas dificuldades de aprendizado.
Aquele professor que nos ensinou valores muito além dos interesses sindicais de uma categoria.
São tantas influências....
Mas quero, neste dia, parabenizar em particular àqueles que são professores voluntários na EBD. Não me refiro àqueles que “fazem de conta” que são professores, mas sim aos que estão se dedicando, com lágrimas, preocupações, estudos e orações, tudo isso em resposta a um chamado ministerial, que é muito mais nobre do que podemos imaginar.
Conforme Paulo:

“Torna-te, pessoalmente, padrão de boas obras. No ensino, mostra integridade, reverência, linguagem sadia e irrepreensível, para que o adversário seja envergonhado, não tendo indigni­dade nenhuma que dizer a nosso respeito. (Tito 2:7-8)

“...se ministério, dediquemo-nos ao ministério; ou o que ensina esmere-se no fazê-lo...” (Rm 12:7)

E para aqueles que já passaram dos 25 anos, segue um “professor” inesquecível. 



Efésios 6:10-17

Nada como começar a semana com um feriado. Hoje, 4ª feira, 13 de outubro de 2010, voltei às minhas atividades corriqueiras: trabalho.
Entretanto, percebi que estou um tanto quanto irritadiço.
Fiquei refletindo sobre qual seria a provável causa disso.
Cansaço? Pouco provável, já que pude descansar bem neste feriado: cinema, caminhada/corrida no parque, boas refeições.
Alguém que me ofendeu, fez alguma coisa que me irritou? Nada disso. Pude estar rodeado de pessoas que admiro e amo, tanto como amigos quanto irmão(a)s em Cristo.
Então, qual será o motivo do que estou sentindo ao escrever este post?
Será que estou ficando velho, ranzinza e caduco? Apesar de alguns dos leitores deste blog, que devem estar sorrindo ao lerem essa frase, mesmo que discretamente, posso afirmar que esse não é o caso.
O que me irrita, está dentro de mim.
Permitam-me ser mais claro.
Antes do feriado prolongado que ocorreu nesta semana de Outubro, tinha decidido aproveitar melhor esses dois dias para ler e estudar um pouco mais livros ligados à vida cristã.
O plano era perfeito: acordar cedo, tomar café da manhã e começar meus estudos e meditações diárias.
Entretanto, notei algo de muito peculiar no meu comportamento. Acordava mais tarde, e o pior, já atrasado para os compromissos que tinha agendado. Não bastasse isso, voltava tarde para casa, bastante cansado.
Como conseqüência disso, em dois dias, minha vida espiritual desmoronou.
Muita calma nessa hora....
Não, não me rendi às drogas, bebedices, prostituição ou coisas desse gênero.
O que percebi é que a luta que devo travar no meu coração, contra os desejos da carne, sofreu fortes abalos.
A Palavra, ao ter sido “esquecida”, me deixou fraco e sem vigor para lutar contra a carne.
Isso me deixou irritado, porque sabia do risco e aceitei, sem pudor, abrir a “guarda” nessa batalha.
Pensava que era forte. Mas sou fraco, muito fraco.
E olha que isso é a conseqüência de um descuido de dois dias!
Imagina se me descuidasse por mais tempo!
Quão grande estrago poderia sofrer se isso ocorresse!
Percebo que em dois dias fui muito tolo, deixando de lado a recomendação de Paulo a Timóteo:

Este é o dever de que te encarrego, ó filho Timóteo, segundo as profecias de que antecipadamente foste objeto: combate, firmado nelas, o bom combate,
mantendo fé e boa consciência, porquanto alguns, tendo rejeitado a boa consciência, vieram a naufragar na fé. (1Tm 1:18-19 - ARA)

Espero que o leitor, ao ver meu depoimento, também tome seus cuidados quanto à sua vida espiritual, porque sem manutenção, não há como sobreviver nessa batalha.

Cura Interior? Vamos ver....

Estou postando um artigo muito interessante sobre "cura interior". Vale a pena ler e refletir.

Eu Serei Contigo
["Cura Interior"]

Sob uma máscara de terminologia cristã, uma variada gama de psicoterapias está assolando a Igreja, levando os crentes a afastarem-se de Deus e a voltarem-se para si mesmos. Dentre elas, as mais nocivas são as terapias regressivas, criadas para sondar o inconsciente do indivíduo à procura de lembranças escondidas que supostamente cau­sam males que vão desde a depressão, os acessos de ira e até as más condutas sexuais, e por isso devem ser reveladas e "curadas". Estas ramificações de teorias freudianas e jungianas, baseadas no ocultismo e que há décadas vêm causando um impacto destru­tivo na sociedade, estão agora fazendo estragos dentro da Igreja.

A "cura interior"
Uma forma popular de terapia de regressão é a chamada "cura interior", introduzida na Igreja pela ocultista Agnes Sanford (veja A Sedução do Cristianismo). Depois de sua morte, [essa terapia] foi levada avante pelos que foram influenciados por ela, tais como os terapeutas leigos Ruth Carter Stapleton (irmã do ex-presidente americano Jimmy Carter – N. R.), Rosalind Rinker, John e Paula Sandford, William Vaswig, Rita Bennett e outros. A cura interior, no início predominante entre igrejas carismáticas e liberais, espalhou-se amplamente nos círculos evangélicos, onde é praticada de forma mais sofisticada por psicólogos como David Seamonds, H. Norman Wright e James G. Friesen, e igualmente por terapeutas leigos como Fred e Florence Littauer. A insistência veemente dos Littauer de que rara é a pessoa "que pode dizer que verdadeiramente teve uma infância feliz", certamente condiciona seus aconselhados a recobrar memórias traumáticas e infelizes.
Mesmo que fosse possível, com precisão e segurança, deveríamos sondar o passado para trazer à tona memórias esquecidas? Notoriamente, a memória é enganosa e está a serviço do ego. É fácil persuadir alguém a "lembrar-se" de algo que jamais pode ter ocorrido. Pela sua própria natureza, tal como outras formas de psicoterapias, a cura interior cria falsas memórias. Além disso, por que deverá alguém revelar a lembrança de um abuso passado para que possa ter um bom relacionamento com Deus? Onde se encontra isto na Bíblia? Se parcelas do passado devem ser "lembradas", por que não cada detalhe? Essa tarefa se mostraria impossível. Entretanto, uma vez aceita esta teoria, jamais se terá certeza de que algum trauma não continue escondido no inconsciente – um trauma que detém a chave do bem-estar emocional e espiritual!

 
"...as coisas antigas já passaram..."
 
Contrastando com esta idéia, Paulo esquecia-se do passado e prosseguia para o prêmio prometido (Fp 3.13-14) a todos quantos amam a vinda de Cristo (2 Tm 4.7-8). As conseqüências do passado são insignificantes se os cristãos são verdadeiramente novas criaturas, para quem"as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas" (2 Co 5.17). Investigar o passado de alguém a fim de achar uma "explicação" para o seu comportamento atual choca-se com o ensino completo das Escrituras. Se bem que possa parecer uma ajuda por algum tempo, na realidade, está tirando da pessoa a solução bíblica através de Cristo. O que importa não é o passado, e sim o nosso relacionamento pessoal com Cristo agora.
Mesmo assim, muitas pessoas afirmam ter sido ajudadas pela terapia regressiva. Descobrir a "causa" em um trauma passado (seja real ou uma "memória" implantada por sugestão no processo terapêutico) pode produzir uma mudança de atitude e de comportamento por algum tempo. No entanto, mais cedo ou mais tarde, voltará a depressão ou a ira, a frustração ou a tentação, levando a pessoa a renovar a busca no passado para descobrir o trauma "chave" cuja lembrança ainda não foi revelada. E assim continuamente.

"Hiatos de memória"?
 
Em harmonia com o princípio freudiano de toda "cura interior", o livro Freeing your Mind from Memories that Bend (Libertando Sua Mente de Memórias que Aprisionam) de Fred e Florence Littauer apresenta a tese de que revelar as memórias ocultas é a chave para o bem-estar emocional e espiritual. Eles sugerem que quaisquer "hiatos de memória" da infância indicam a probabilidade de abuso (com grande possibilidade de ser na área sexual). Por esta definição, todos nós fomos abusados, pois a maioria de nós não se consegue lembrar de cada casa em que moramos, de cada escola onde estudamos, de cada professor e colega de aula, de cada passeio com a família quando éramos crianças. Ensinar que estes "hiatos de memória" indicam períodos de abuso encobertos na lembrança, como fazem os Littauer, é contrário ao senso comum, sem respaldo científico e sem apoio bíblico.

Quatro Temperamentos, Astrologia e Testes da Personalidade
 

Os Littauer, como tantos outros autores neste campo, baseiam sua abordagem nos chamados quatro temperamentos. Essa teoria sobre a personalidade, já há muito desacreditada, surgiu da antiga crença grega de que o universo físico era composto de quatro elementos: terra, ar, fogo e água. Empédocles relacionou-os com quatro divindades pagãs, enquanto Hipócrates associou-os aos que eram considerados, na época, os quatro humores do corpo: sangue (sangüíneo), fleuma (fleumático), bílis amarela (colérico) e bílis negra (melancólico). Estas características eram ligadas aos signos do zodíaco.
Apesar da falta de base científica para os quatro temperamentos, muitos psicólogos cristãos e "curadores" leigos, no entanto, confiam neles plenamente e fazem deles a base para "classificação da personalidade" e a chave para o discernimento comportamental. Contudo, como salientam Martin e Deidre Bobgan em seu excelente livro Four Temperaments, Astrology & Personality Testing (Quatro Temperamentos, Astrologia e Testes da Personalidade):
A palavra temperamento vem do latim temperamentum, que significava "combinação apropriada". A idéia era que se os fluidos corporais fossem temperados, isto é, reduzidos em sua intensidade contrabalançando os humores uns com os outros, então ocorreria a cura...
 Pensava-se que até mesmo as posições dos vários planetas alteravam para melhor ou pior tais fluidos...
Os quatro temperamentos já tinham sido virtualmente descartados após a Idade Média... até que alguns extravagantes os descobriram no baú do passado e os colocaram no mercado na linguagem do século XX... [Recentemente] os temperamentos experimentaram um renascimento... entre astrólogos e cristãos evangélicos... Os quatro temperamentos são a parte da astrologia tornada palatável para os cristãos.

Versículos fora do contexto
 
Tal como outros psicólogos cristãos e praticantes leigos da cura interior, a teoria e prática dos Littauer não provêm de uma exegese cuidadosa das Escrituras, mas eles citam, de vez em quando, um versículo isolado na tentativa de dar aparência de apoio bíblico. Por exemplo, eles citam parte de um versículo – "Eu, o Senhor, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos [do homem]" (Jr 17.10) – que aparece logo abaixo do título do segundo capítulo: "Examinando-nos a nós mesmos". Na realidade, esse texto bíblico opõe-se à idéia de nos esquadrinharmos a nós mesmos. Somente Deus pode compreender e esquadrinhar os nossos corações. "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto, quem o conhecerá? Eu, o Senhor, esquadrinho o coração... para dar a cada um segundo... o fruto de suas ações" (Jr 17.9,10).
O contexto destes dois versículos desmente a aplicação feita não só pelos referidos autores, mas também por outros bem-intencionados "praticantes da cura interior". Deus amaldiçoa quem confia em qualquer outra coisa e abençoa aqueles que confiam exclusivamente nEle. Quanto a estes, segundo a Sua promessa, "serão como árvore plantada junto às águas, e [nunca] deixarão de dar fruto" (Jr 17.8). Uma vida frutífera (amor, alegria, paz, etc.) é produzida pela obra do Espírito de Deus na vida dos que submetem a Ele seus corações enganosos! Em lugar algum a Bíblia diz que fazer testes de personalidade e conhecer o "temperamento" de alguém ajuda Sua obra em nós.
Os Littauer têm extrema dificuldade em encontrar textos, ainda que remotamente apropriados, e por isso são forçados ao mau emprego da Bíblia. Tomando mais um exemplo, o capítulo intitulado "As Lembranças Mais Remotas" é iniciado com o versículo "Lembro-me destas coisas – e dentro de mim se me derrama a alma" (Sl 42.4). Davi, na realidade, nem se refere às suas "lembranças mais remotas", e sim às críticas e ao escárnio atuais que está sofrendo daqueles que "dizem continuamente [isto é, presentemente]: O teu Deus, onde está?" O versículo "Escreve num livro todas as palavras que eu disse" (Jr 30.2), é citado logo abaixo do título do capítulo "Pronto, Objetivo, Escreva". Este capítulo fala sobre "examinar o seu passado" e "anotar as suas emoções" – nada poderia estar mais distante de Jeremias escrevendo as Escrituras sob a inspiração do Espírito Santo!

Leão, castor, lontra e cão de caça?
 
Os autores mencionados são apenas um exemplo dentre um exército de praticantes da cura interior, quer sejam psicólogos cristãos ou cristãos leigos, os quais, embora possam ser sinceros, estão desviando milhões de cristãos. Gary Smalley e John Trent, sucessos de vendas na área de psicologia-pop, fortemente promovidos por James Dobson, apresentaram os seus próprios temperamentos, baseando-se em quatro tipos de animais: leão, castor, lontra e cão de caça!

Tipos de personalidade
 
Presumivelmente, descobre-se "o tipo de personalidade" ou "temperamento" de um indivíduo através de um teste do perfil da personalidade, tais como: Indicador do Tipo Myers-Briggs (ITMB), Análise do Temperamento Taylor-Johnson (ATTJ), Sistema do Perfil Pessoal (SPP), Teste do Perfil da Personalidade (TPP), Perfis Pessoais Bíblicos (PBB), etc. Os testes de personalidade, embora populares, são duvidosos. A personalidade humana com sua capacidade de escolha e um coração do qual Deus diz que é "mais enganoso do que todas as coisas" resistem às fórmulas predicativas e são por demais complexos para serem enquadrados em categorias. Até mesmo as classificações supostamente promissoras de pessoas como Personalidades do Tipo A (suscetíveis a ataques cardíacos), Tipo B (menos suscetíveis) e Personalidades Suscetíveis ao Câncer, etc., estão sendo rejeitadas pela impossibilidade de correlacionar cientificamente a doença com "o tipo de personalidade".
Um grande número de autores cristãos populares e palestrantes como o psicólogo H. Norman Wright e o analista financeiro Larry Burkett são os responsáveis pela promoção destes testes incorretos e nocivos. As teorias dos quatro temperamentos e da classificação da personalidade banalizam a alma e o espírito humanos e fornecem desculpas para um comportamento não-cristão. O foco está no eu, analisando-se as emoções, a personalidade e a infância da pessoa na tentativa de descobrir por que ela pensa e faz o que faz.

O foco em Deus, em Cristo e em Sua Palavra
 
Ao contrário, a Bíblia coloca o foco em Deus, em Cristo e em Sua Palavra, transferindo-o de nós para Ele, do passado para o serviço presente, e para a esperança da volta de Cristo. Ao invés de procurar identificar a personalidade e o temperamento, consultando sistemas especulativos relacionados à psicologia, astrologia e ocultismo, devemos deixar que nossos pensamentos e ações sejam governados pela suficiente e inerrante Palavra de Deus. A Sua promessa é que, se observarmos a doutrina em Sua Palavra, Ele dirigirá nossa vida através de "repreensão, correção e educação na justiça" (2 Tm 3.16). Como resultado, homens e mulheres de Deus tornam-se maduros, aperfeiçoados e preparados para toda boa obra (v. 17). Pedro nos assegura que Deus "nos tem doado todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude" (2 Pe 1.3). Jesus declara que aqueles que permanecem em obediência à Sua Palavra são Seus verdadeiros discípulos, que "conhecem a verdade" e a quem a verdade libertará (Jo 8.31-32). Somente os que duvidam de tais promessas ou não querem seguir o caminho da cruz voltam-se para teorias e terapias humanas.

Exemplos bíblicos
 
A Bíblia jamais faz alusão aos tipos de personalidade, nem classifica as pessoas segundo habilidades ou fraquezas como meio de identificar-lhes a capacidade e prognosticar-lhes o sucesso ou o fracasso na obra de Deus. Rejeitando a armadura de Saul, com apenas uma funda e cinco pedras, Davi subiu contra Golias, poderosamente armado, que aterrorizava todo o exército de Israel. Qual foi o segredo? "Eu, porém, vou contra ti em nome do Senhor dos Exércitos... Hoje mesmo, o Senhor te entregará nas minhas mãos" (1 Sm 17.45-46). A confiança de Davi estava no Senhor e não em si próprio. Mesmo que Davi não fosse hábil na funda, Deus o capacitaria a acertar o alvo. Paulo chegou ao ponto de afirmar que Deus lhe dissera que o Seu poder se aperfeiçoava na fraqueza de Paulo. Daí sua declaração: "...quando sou fraco, então, é que sou forte" (2 Co 12.10). Tais afirmativas refutam todo o fundamento lógico dos testes de personalidade, da identificação dos temperamentos, da auto-estima e do aumento do valor-próprio.
A Bíblia está repleta de exemplos de homens e mulheres odiados, abusados e renegados pelos seus próprios familiares – homens e mulheres solitários, sem amigos, faltos de talentos ou capacidade, mas que triunfaram nas maiores adversidades porque confiavam em Deus. Estes heróis e heroínas da fé desmentem a focalização no ego humanista e antibíblica, que é a base de todas as psicologias pop da cura interior. Moisés é apenas um exemplo dentre muitos outros.

O libertador Moisés
 
Quando Deus o chamou para ir ao Egito para libertar o Seu povo, Moisés alegou ser incapaz de tal missão e pediu-Lhe que escolhesse outra pessoa (Êx 3.11; 4.10-13). Por acaso Deus lhe aplicou algum teste de personalidade para mostrar que Moisés tinha aptidão? O Senhor tratou da frágil auto-estima de Moisés ou do seu baixíssimo valor-próprio? Ele lhe receitou a cura interior para libertá-lo das memórias encobertas por ter sido abandonado pelos seus pais e criado num lar adotivo, e da falta de identidade própria resultante disto? Foi-lhe ministrado um curso de auto-aperfeiçoamento, autoconfiança e sucesso? Pelo contrário, Deus lhe prometeu: "Eu serei contigo"!
O "aconselhamento" bem-intencionado daqueles que tentam ajudar os cristãos a se compreenderem pela focalização no eu, na realidade, está privando os aconselhados da presença e do poder divinos que Moisés experimentou. As forças e fraquezas humanas são irrelevantes neste caso. O que vale é se o poder do Espírito Santo de Deus é ou não manifesto na vida da pessoa. Muitos, se não a maioria dos personagens bíblicos, bem como dos heróis da fé mais recentes, desde os primeiros mártires até os grandes pioneiros missionários do século XIX, provavelmente falhariam nos atuais testes dos perfis de personalidade.
Na verdade, Deus não escolheu Moisés por sua elevada qualificação, mas por ser ele o homem mais manso na face da terra (Nm 12.3). Por que Deus escolheria tal pessoa para enfrentar Faraó, o mais poderoso imperador da época, no seu próprio palácio, para libertar Israel de suas garras? Ele o fez para ensinar os israelitas a confiar nEle e não em homens para seu livramento!

Os heróis da fé sem "terapias"
 
Jamais se encontra alusão de que José, Davi, Daniel, ou qualquer outro herói da fé precisasse de terapias como as que estão por aí, consideradas hoje tão vitais e eficazes. Foi quando Jó teve um vislumbre de Deus e disse: "Eu me abomino [odeio] e me arrependo no pó e na cinza" (Jó 42.6), que ele foi restaurado pelo Senhor. Foi também quando Isaías teve a visão de Deus e clamou: "Ai de mim! Estou perdido! (Is 6. 1-8) que Deus pôde usá-lo. Precisamos mudar o foco de nossa atenção, volvendo os olhos para o Senhor e não para nós mesmos.

Manifestação do poder de Deus em nossa fraqueza
 
Tenha sede de Deus! Procure conhecê-lO! O fruto do Espírito não vem como resultado de compreendermos a nós mesmos através do uso de técnicas ou análises humanistas, mesmo revestidas de linguagem bíblica, mas pela manifestação do poder do Espírito Santo em nossa fraqueza. Seja fraco o suficiente para que Ele possa usá-lo! (TBC 2/93, traduzido por David Oliveira Silva)

Dave Hunt

Copiado de http://www.chamada.com.br/mensagens/index.php?id=415 
Publicado anteriormente na revista Chamada da Meia-Noite, agosto de 1998.

Todas as citações bíblicas são da ACF (Almeida Corrigida Fiel, da SBTB). 


Fonte:http://solascriptura-tt.org/Seitas/Pentecostalismo/EuSereiContigo-CuraInterior-DHunt.htm


OBS: O autor deste blog é a favor do aconselhamento bíblico, que seja direcionado pela Palavra de Deus, rejeitando a tal da "cura interior".

Sugestão de leitura

O vídeo por si só já explica o título do post. Apenas espero que os dois livros citados estejam disponíveis no Brasil. Esses vou ler com certeza.
Soli Deo Gloria!

Para começar a semana

Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve (Mt 11:28-30 ARA)

Nós, cristãos, devemos ser pessoas muito cuidadosas. A luta diária para nos mantermos irrepreensíveis diante de Deus é árdua, uma vez que o mundo nos bombardeia com todo tipo de tentação, seja pelas mídias tradicionais, quanto pela mídia digital.
Além disso, temos a maior das nossas lutas ocorrendo dentro de nossos corações: a carne militando contra o Espírito Santo (Gl 5:17). É muito comum nos sentirmos cansados, desanimados de tanto vigiar e zelar pela nossa integridade espiritual.
Não é fácil. É algo herculíneo. Mas sabemos que Deus não permite que soframos tentação que não possamos suportar (1Co 10:13), e Ele mesmo nos proverá o livramento de que necessitaremos.
Temos refúgio seguro em Cristo (Sl 28:8)! Não hesitemos mais meus queridos irmãos! Corramos com todas as nossas forças tendo em mente o alvo celestial; lutemos com vigor até o fim e no final do dia descansemos n´Ele!
Quão maravilhoso será repousar sob a proteção do nosso Mestre. O sono será tão tranqüilo, que de Ti fluirá paz.