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Philos, Storge, Eros e Ágape

O que seria da humanidade sem o amor?
Por causa deste sentimento muitas guerras foram travadas e tréguas foram seladas.
A princesa Helena se apaixonou por Páris e desencadeou a famosa Guerra de Tróia, narrada por Homero na Ilíada.
O ilustre poeta lusitano Luís de Camões descreve este sentimento como:

"Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;


É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.


É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence o vencedor,
É ter com quem nos mata lealdade


Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade;
Se tão contrário a si é o mesmo amor?"








Dentre todas as descrições do amor, feita pelos poetas durante muitos séculos, considero esta a mais tocante.
Me lembro, alguns anos atrás, do momento em que ouvi pela primeira a música "Monte Castelo" da banda Legião Urbana.
Tratava-se da melhor definição do amor: uma mescla da definição de Camões com a do apóstolo Paulo.
Mas, como o próprio apóstolo disse em 1Co 13:11, eu era menino, falava como menino, sentia como menino e pensava como menino.
Agora, que sou homem, penso de outra forma.
Graças à misericórdia de Deus, que me alcançou da escuridão dos meus pecados, compreendo melhor o que o apóstolo queria ensinar.
Entretanto, para me aprofundar um pouco mais no tema, é preciso realizar uma breve consideração aos tipos distintos de amor, conforme a filosofia grega. São quatro palavras que descrevem formas distintas de amor.

- Philos: é a palavra que descreve uma amizade, inclusive todos os sentimentos que a envolvem, ou seja, a sinceridade, a união, a fraternidade, etc.

- Storge: decorre dos laços formados dentro de uma família,ou seja, entre pais, filhos e irmãos, hoje infelizmente tão desvalorizado.

- Eros: esta palavra envolve todos os sentimentos que decorrem da relação entre um homem e uma mulher. Corresponde ao amor sexual, não apenas na conotação da atração física, mas sim dos sentimentos que envolvem este tipo de relação, a "entrega do coração" à pessoa amada, a alegria da presença dessa pessoa, etc. É a descrita no texto de Camões.  Atualmente o que prevalece, infelizmente, é apenas a atração sexual, culminando em relações superficiais e efêmeras.

- Ágape: este é o amor incondicional, altruísta, sem egoísmos. É o amor descrito em 1Corintíos cap.13, 1Jo 4:16 (Deus é amor), entre outros. É a melhor definição do amor que Deus tem pela humanidade.

É nesta última definição de amor que gostaria de tecer alguns comentários. Muitas pessoas, mesmo cristãos, acreditam que pelo fato de Deus ser amor (ágape), Ele não poderia condenar à perdição eterna, entenda-se inferno, seres criados à sua imagem e semelhança, que tanto ama.
A princípio, este raciocínio faz sentido, tem uma lógica. Mas existe um grande problema nessa forma de pensar: é uma análise superficial, sem compreensão real da profundidade e totalidade das Escrituras, que decorre da leitura e entendimento de "partes selecionadas" da Palavra de Deus.
Se o prezado leitor se atentar a estudar com afinco, dedicação e pedir por sabedoria, compreenderá que por Deus ser amor, Ele amará as coisas mais valiosas que existem.
Dentre todas as coisas, será que existe algo mais extraordinário que o próprio Deus?
Será que há algo, ou alguém, mais santo, puro, bondoso e misericordioso que o próprio Deus?
Sinceramente, não.
Como Ele ama tudo que é perfeito, santo, puro, etc, e não existe nada nem ninguém que possua todos esses atributos, a não ser Ele próprio, então percebemos que Ele só pode amar a si mesmo acima de todas as coisas.
Ao amar tudo que é santo e puro, será que Ele poderia admitir que o homem fosse corrompido pelo pecado?
De jeito nenhum. Não que fosse uma limitação do seu poder, mas sim porque o Seu amor pelo que é santo desemboca no amor pelo que é justo. E não existe nenhum justo, nenhum sequer (Rm 3:10).
Se não existe ninguém habilitado a receber o amor de Deus, não podendo conhecê-lo e glorificá-lo, estávamos todos condenados!
É neste instante, que Ele intervém, permitindo, por Sua própria e exclusiva iniciativa, a reconciliação: através da morte e ressureição de Jesus Cristo, que carregou sobre si nossas iniquidades (Is 53:4).
Desta forma fica claro que Deus continua sendo amor (ágape), mesmo que exista a condenação ao inferno, porque esse amor é tão grande, imensurável, incompreensível, que Jesus Cristo redime aquele que n´Ele crê (Jo 3:16).
A pergunta que fica: e você leitor, que tipo de amor tem vivenciado?
Será que você só conhece o amor Philos, Storge e Eros?
Você gostaria de conhecer o verdadeiro amor ágape?



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